segunda-feira, 25 de maio de 2015

Minicurso ofertado na UFPR trará reflexões sobre filosofia africana



O Dia 25 de maio - Dia da África, também é uma data para se refletir porque a sociedade ocidental deixa de olhar para pensadores africanos. Da Educação Básica à Superior, observa-se uma quase inexistência do ensino da filosofia africana.  Autores como Marcien Towa, Paul Houtondji, Cheikh Anta-Diop, Theophile Obenga, Valentin Y. Mudimbe, Mogobe Ramose e Achille Mbembe são essenciais para compreender a consolidação da Filosofia Africana enquanto uma produção filosófica independente e dialógica com outras tradições. No entanto, muitas vezes, são ignorados no Brasil. E é por isso que  as ideias desses autores estarão presentes no Minicurso seguido de debate “Introdução à filosofia africana: a história de uma invisibilidade”, que será realizado dias 02 e 03 de junho, a partir das 14h30, na sala 603 do prédio D. Pedro II, no campus Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Segundo o doutorando Luis Thiago Dantas, que vai ministrar o minicurso, a ausência do olhar sobre os pensadores africanos deve-se, em larga medida, pela ideologia eurocêntrica que ainda influencia na construção mental do Ocidente, que trata o pensamento racional como se fosse uma propriedade privada. Enquanto que em relação ao africano, entende-se a manifestação mística como a única maneira de expressão no mundo. “A não percepção da Filosofia Africana é uma manifestação que caracteriza a ‘Filosofia’ como presente apenas na Europa e, do século XX até os dias atuais, com desdobramento nos EUA. Assim, os continentes do Sul, conforme essa percepção, não produzem Filosofia e sim saberes que têm uma dificuldade de comprovação científica. Por isso sabemos tão pouco das filosofias fora do eixo Europa e Estados Unidos”, explica o pesquisador.

Para o doutorando, que é um dos coordenadores do GT 5 - “Filosofia africana e o pensamento da afrodiáspora”, do II Copene Sul - , o afastamento dos pesquisadores brasileiros da filosofia se dá por conta da própria estrutura curricular das Faculdades de Filosofia, que tratam somente de uma tradição filosófica e deslegitima as demais. “O mais intrigante é que pesquisadores (as) brasileiros (as) que comungam com essa ideia esquecem que nós não somos os gregos antigos ou os europeus. Temos uma história que, se em parte há influência europeia, existe também a africana e a indígena. Partindo dessa percepção, a Filosofia Brasileira é pensável quando há uma atenção para sua singularidade diante das demais, entretanto não é difícil de imaginar que se houver uma identificação da Filosofia Brasileira é factível que tentem aproximá-la das epistemologias europeias ao invés do que se produz na América Latina, tão próximo de nós”, reflete.

Minicurso
No Minicurso, Thiago Dantas, pretende apontar as inúmeras contribuições da filosofia africana, mas também mostrar a importância de se problematizar e debater a ‘Descolonização Epistêmica’, tema que ele explora em suas pesquisas atuais.  “Tal movimento é crucial porque somos indivíduos colonizados e por mais que hoje em dia ocorra de maneira sutil, a nossa linguagem carrega consigo categorias que ratificam o poder de um grupo humano. Desse modo, a estudante negra e o estudante negro que projeta ou está no processo de carreira acadêmica tem nas(os) filósofas(os) africanas(os) a possibilidade de trazer para sua pesquisa uma voz de pensamento que a(o) aproxima das angústias e problemas que a própria vida lhe identifica como negra ou como negro”, justifica.

SERVIÇO
O quê: Minicurso seguido de debate “Introdução à filosofia africana: a história de uma invisibilidade”
Quando: 02 e 03 de junho, a partir das 14h30;
Local: Sala 603 do prédio D. Pedro II, no campus Reitoria/UFPR;
Endereço: Endereço: R. Dr. Faivre, 405, centro | Curitiba (PR).

Nenhum comentário:

Postar um comentário